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A sina, o caminho, ou simplesmente uma história. Um caminho igual a tantos outros, ou, uma história de vida, semelhante a tantas outras vidas. Uma história vivida, ou apenas fruto da minha imaginação.


15
Mai19

Longo caminho para Casa - Vinte e Dois

por Longocaminhoparacasa

                2201-COLLAGE

Nasceu!
Nasceu novamente o sentimento nobre.
Aquele sentimento mais nobre que pode existir…
Não há protecção que lhe valha!
Quando não se espera nada, quando se vive a sonhar acordada, vive-se na ilusão.
Maria saíra de casa, ainda não tinham batido as oito badaladas, no relógio de pé, instalado no corredor.
Descia no elevador ao som da música criada pelas badaladas daquele que aos seus olhos seria um grande e admirável objecto de estimação.
Seguia a estrada como quem comanda mecanicamente o veículo, e deixa o pensamento voar para bem longe dali…
Não o achava nem pouco nem muito atraente, nem era o tipo de homem que lhe costumava roubar o olhar ou cativar a atenção, mas nele havia algo que Maria não soube descrever, e que lhe estava a preencher o pensamento.
Uma empatia, uma sensação de que já se conheciam há centenas de anos, que já partilharam meio século e mais outro, de vida…
Só sabia que ele lhe parecia uma pessoa amável e simpática. 
Além disso, havia qualquer coisa naquele homem que a fazia ficar ali a pensar na noite anterior, relembrando as conversas sobre ninharias, de tudo e nada, que tiveram.
Era como se, junto dele, estivesse em segurança durante um bocado, e nada de terrível lhe pudesse acontecer. Era como se o coração de Maria estivesse em segurança com Filipe.
Ele dava essa sensação.
Mais havia mais…
Numa noite, Maria recebe no seu sono um maravilhoso sonho. Nele teve a visita da estrela duplamente maternal que tinha no céu.
O seu anjo da guarda, estava insitêntemente a aparecer-lhe em sonhos e a insistir que acordasse.
Alguma coisa estava para acontecer. Maria já tinha a certeza disso…
Mas se por um lado Maria já esitava, por outro havia aquela sensação de simpatia que lhe era demasiado familiar. 
Aquela sensação condimentada com uma nuvem de paz e sossego, regada com carinho e protecção.
Maria seguia viagem conduzindo o seu branquinho e parecia ter entregue o seu corpo ao sonho e só foi acordada pelo sorriso que esboçou devido à melodia que tocava naquele preciso momento, na rádio que sempre ouvira, RFM,
“ Tu eras aquela
que eu mais queria
para me dar algum conforto e companhia
era só contigo que eu
sonhava andar
para todo o lado e até quem sabe
talvez casa
ai o que eu passei só por te amar
a saliva que eu gastei só para te mudar
mas esse teu mundo era mais forte do que eu
e nem com a força da musica
ele se moveuuuuuuuuuuu….”
O sorriso de Maria esticara-se até perder de vista…
Embriagada pelo pensamento e pela melodia, teve o pressentimento de que naquela estrada, por aquele caminho, podia haver perigo, mas aquele momento era tão bom… 
Talvez pelo aparecimento de elementos perigosos ou imprudentes, o tal objecto que definira como temerário e temivel, o recomendável seria a fuga, pensa ela…
Mas parecia inofensivo, ela nunca se poderia apaixonar por um homem assim. Alguém que lhe passara sempre despercebido na rua ou em qualquer outro lugar…
Quando acordou já tinha estacionado, e já estava na fila da máquina para tirar o bilhete do metro…
Apesar de adorar gerir a sua economia, havia um aspecto nela que por vezes a fazia derrapar no défice e fazer estas excentricidades de comprar o bilhete do metro, em vez do passe que lhe ficava muito mais em conta… 
Andava sempre em excesso de velocidade, e o relógio no seu pulso parecia correr mais depressa, compassado com as suas batidas cardíacas, acelerando o ritmo das horas, transformando a falta de tempo e a distracção num real problema…
Maria era uma mulher. Uma mulher desde muito cedo corredora. Mas tão doce e completamente viciada em chocolate.
Maria era uma mulher!

CLR

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publicado às 22:55


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