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A sina, o caminho, ou simplesmente uma história. Um caminho igual a tantos outros, ou, uma história de vida, semelhante a tantas outras vidas. Uma história vivida, ou apenas fruto da minha imaginação.
No céu , Maria podia ver mais uma estrela a brilhar…
Sentia o céu cada vez mais como parte de si…
É impressionante como nos sentimos à medida que vamos sentindo o tempo a passar por nós. À medida que vamos vivendo a vida, vamos sentindo toda a natureza, como algo que cada vez mais, vai fazendo também parte de nós…
Cada vez mais a vamos conhecendo melhor, a vamos sentindo como nossa…
Maria sentia isso ao olhar o céu… De dia podia sentir o calor do sol, admirá-lo e senti-lo com ela…
Há noite, podia olhar as estrelas a brilharem no manto negro da noite, e sentir a sua companhia…
Maria tinha perdido o bebé que tanto desejava, mas tinha-lo transformado numa das estrelas que todas as noites podia ver para si brilhando…
Era uma mulher como tantas outras. Tinha a profissão que quis ter, não era de se queixar da vida, e estando ela já na casa dos trinta e alguns, sentia o desejo que qualquer mulher sente. O de poder sentir o amor de ser mãe…
Tinha o coração grande, com algumas cicatrizes, mas nenhuma se comparava àquela com que tinha ficado… Podia até viver sem o amor de um amigo, de um homem, mas nunca de um filho…
Sim, Maria já o sentia como tal… Como um filho, uma semente ou um rebento de todo o amor que tem dentro do si… Reuniu nele todo o amor que tinha em si. Todas as forças, deu-lhe todo o seu sentimento, tudo de si…
Naquela altura, tudo parecia mais calmo, mais sereno… Toda aquela fase de tranquilidade explodiu em poucas semanas. Primeiro, com a noticia de gravidez de risco. Depois com a prenuncio do fim…
Maria não era mulher de parar.. Nunca foi.
E não se convenceu que tinha de parar… Agora sobejam-lhe as ideias de culpa… Mesmo quando os entendidos lhe dizem, que fez tudo certo… Que a natureza é soberana. Há sempre algo dentro dela que numa rajada forte e seca de vento lhe diz, podias ter feito mais… O sentimento de culpa mitigado com impotência e raiva é o sangue que lhe corria nas veias…
Num pulo de semanas se passou para a triste noticia… Mais uma vez perdera sangue, e desta vez, já não havia vida…
A ideia de ter o seu amor dentro de si a morrer, matava-a. Mas depois a noticia que o seu amor tinha morrido dentro de si, já a tinha morto…
O amor morreu, a sua dor espelhava-se no rosto e as lágrimas tinham-lhe partido para o céu…
O tempo passou, reencontrou as lágrimas. mas aquelas que lhe correm agora no rosto, são o cumprimento à estrela, que do ventre lhe fugiu para o céu …
CLR
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