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A sina, o caminho, ou simplesmente uma história. Um caminho igual a tantos outros, ou, uma história de vida, semelhante a tantas outras vidas. Uma história vivida, ou apenas fruto da minha imaginação.


15
Mai19

Longo Caminho para casa - Dezanove

por Longocaminhoparacasa

19

 

Aquela imagem, aquele reflexo...
De estetoscópio a bisturi, inexplicavelmente trocado pela dourada espada numa fase inicial, e posteriormente pelo escudo, capacete, bastão e algemas. 
Primeiro os códigos e depois a toga, cruzaram-se com estas duas realidades. 
Maria aprendeu assim a abrigar o seu coração no caminho desenhado pela cabeça e sem qualquer protecção.
De coração amarrado, Maria julga-se imune a algemas e bastões pega no seu veículo e segue sozinha, sem qualquer protecção naquela estrada de corpo e alma.
Maria, era já uma jovem estudante universitária em fim de curso, aproveitando todos os minutos da vida, quando conhece Filipe um jovem profissional, que aproveitava todos os segundos dos minutos de todo o tempo que tinha livre na vida…
Sorriso contagiante, descontraído, confidente, bem composto, sempre amável e educado nas carteiras de uma escola onde há terras de grandes barrigas, onde as sopas chamam-se de açordas, as milhaduras são gorjetas, as encostas são chapadas e os açoites se dizem nalgadas, como reza a letra da canção magnificamente cantada pelo Antonio Pinto Bastos.
A profissão de Filipe foi a alcoviteira daquela relação. 
Já era um caminho conhecido de Maria, e os seus passos naquela estrada eram calculados ao milímetro, tamanha era a sua ideia de respeito e “justiça”.
As profissões cruzavam-se várias vezes na vida, e como assim era já reinava a descrença, a desconfiança que por vezes no coração de Maria, ainda estava muito fresca, muito recente. 
Por isso todas as palavras que lhe saiam da boca, saiam-lhe da razão, e nunca do coração.
Estavam unidos pela ideia da justiça, e a sua experiência recente, não tinha sido muito gratificante para o coração de Maria.
Com ela estava colada e assente a ideia de que nada mais que uma amizade dali podia surgir.
Maria já tinha aprendido que sexo é uma necessidade, e que amor era foda, e o respeito, a cumplicidade e a amizade, eram o melhor alicerce que o amor podia ter.
O amor era foda na medida em que nos torna dependentes, porque teima em passar o visto de condecoração ao coração, que fica com a mania de ser obediente a outrem que não o seu corpo e a sua cabeça.
Quando o coração ignora a razão, está tudo tramado.
O amor torna-nos reféns de nós próprios.
Aquele que é rei e que esta dentro de nós, aquele que dizem que nos dá vida, é tramado, quando quer mandar na nossa vida.
Porque no fundo, ele não existe, ou não tem grande valor sem o outro senhor verdadeiramente rei, que é o cérebro, mas ele tem a mania, e pronto. Marca o caminho.
Isto, Maria já tinha aprendido. Mas havia qualquer coisa. Havia mais qualquer coisa que Maria tinha de aprender. Havia outra caminho que Maria tinha de percorrer.
Inexplicavelmente as pernas de Maria mexiam-se, os pés ganhava vida, e o sentimento que reinava desenhava-se na ideia de que era preciso que, sem medos, seguisse em frente, sem destino. 
Aquela imagem, aquele reflexo.
Tinha que conhecer aquele caminho, seguir aquela estrada e deixar as marcas fazerem parte do seu caminho.
CLR

 

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publicado às 18:13



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