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A sina, o caminho, ou simplesmente uma história. Um caminho igual a tantos outros, ou, uma história de vida, semelhante a tantas outras vidas. Uma história vivida, ou apenas fruto da minha imaginação.


13
Mai19

Longo Caminho para Casa - Catorze

por Longocaminhoparacasa

                14

 

Num dia de sol brilhante, ela acorda com um telefonema…
- Preciso ver-te, amor…
Na sua cabeça fez-se luz…
Seria aquele o momento da despedida…
Havia de aprender alguma coisa desta lição…
Assim o fez…
O dia estava lindo, a tarde tornou-se quente e nos olhos dele, ela sentia o brilho dos seus, desenhados numa mensagem de despedida…
Quando fecha os olhos ainda sente o cheiro a relva cortada. O azul do céu. As guardas à porta do Palácio.
O cheirinho aos pasteis que ficaram com o nome do lugar.
O rio.
O rio que tantas vezes foi testemunha, dos nossos passeios.
As mãos entrelaçaram-se como nunca, como quem, não quer largar.
O beijo de despedida num até amanhã.
Sem saber bem qual.
O olhar. O olhar disse tudo o que da boca não saiu.
O coração percebeu. A cabeça esfregou na razão, o que o coração não queria ouvir.
Mas o coração percebeu, e as lagrimas fugiram-lhe dos olhos, lavando-lhe o rosto.
Passaram-se semanas, até tomar consciência de que existia.
Passadas umas semanas, e alguns telefonemas e sms, não atendidos ou respondidos, ela percebe que chegou o momento de tirar, de levantar o escudo… E enfrentar a dor que já não conseguia esconder.
- Sabes onde estou?
- Sei, estás em casa, que é onde deves estar…
- Na nossa?
- Não, não TUA…
- Calma amor, precisamos de conversar.
- Não há nada para conversar… Só mais uma coisa, podias e devias ter-te despedido de outra forma… Por palavras podias ter-me dito que ias para casa…
- Primeiro, não podia, porque não me despedi, nem despeço de ti nunca;
Segundo, não vim para casa, porque a minha casa não é esta…
- Problema teu…. Beijo vou desligar
- Amor, não desligues, vou a Lisboa amanhã, ok?
- Podes vir quando e as vezes que quiseres, mas a minha companhia, nunca mais vais ter. Pelo menos, não vais ter como e da forma que tiveste…
E assim se baixa um escudo….
Mesmo sem se aperceber Maria deixava falar o coração.
- Maria, por favor, não fales assim… Não queres que eu vá, eu não vou. Tens toda a razão em estar magoada, eu percebo-te… Precisas de tempo, mas promete-me amor, quando vieres cá, vamos conversar os dois… Está bem? Estás ai? Ainda estás aí amor? Prometes amor?
- Estou! Adeus, até sempre, beijo e sê feliz
CLR
 

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publicado às 22:48

13
Mai19

Longo Caminho para Casa - Treze

por Longocaminhoparacasa

                treze

 

Muitas vezes, durante esses dois anos, ela se olhara ao espelho e perguntava:
- Que nome se dá?
Que mulher seria… Que homem seria…. Quem é? O que chamam?
Tantas perguntas de respostas tão cruamente sentidas.
Automutilando-se com as respostas, aliviava as lágrimas que sentia a escorrerem-lhe do rosto.
Vivia momentos de angustia, mas depressa se desculpava com as dificuldades da vida.
O amor é fogo que não se controla.
O coração, e o facto de não haver rebentos, e as juras de amor eterno, anemizavam-lhe o coracão mutilado…
- Se te tivesse conhecido antes… Se tu não tivesses fugido.. Se não tivesses desaparecido, tudo teria sido diferente…- disse-lhe ele tanta vez…
E ela ouvia as suas palavras como se fossem alimento para a sua fome, acreditando como quem acredita nas lendas que sabe serem apenas isso. Lendas… Palavras… Mas ao mesmo tempo, eram para Maria as palavras que ela precisava ouvir, para se alimentar.
Para se alimentar do mínimo da razão e continuar a viver esse amor de ilusão, de mentira, de falsidade e traição.
CLR

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publicado às 22:41

13
Mai19

Longo Caminho para Casa - Doze

por Longocaminhoparacasa

      doze

Aquele que viria a ser a sua primeira lição de vida, foi também sem duvida a primeira lição que não foi aprendida…
Uma aventura, em muitas noites de céu estrelado, iluminados num amor sempre sonhado que acorda em pesadelo… Mais uma vez a sua técnica preferida, a fuga… A fuga, foi desde sempre a sua arma preferida… E mais uma vez, não hesitou em usa-la, como quem arruma a espada, e levanta o escudo, para se proteger…
De volta à sua vida, aceita reconstruir, aquilo que ambos vieram a perceber ser uma ilusão…
Ela começa a sobreviver numa estrada por si construída, ele começa a revelar-se a pessoa que ela nunca tinha conhecido…
Duas primaveras em permanente sono de pesadelo, foram o limite conseguido na duração da dita reconstrução… Reconstrução na ilusão daquilo que nunca devia ter sido reconstruído…
Rezava ela ao percorrer seu caminho de casa, no mês de Abril, do bendito ano de dois mil, e eis que por ironia do destino encontra o rosto de quem fugiu…
Desta vez, não usa da sua arma preferida… E ambos vivem aquilo que teria sido o começo de uma casa… Com um preambulo de mais dois anos de vida…
Durante esses dois anos, ela acaba a relação que tinha, passados uns meses…
E vivem aquilo que parecia ser aos olhos de todos, um amor proibido… Principalmente da ética e dos bons costumes…
CLR

 

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publicado às 22:26

13
Mai19

Longo Caminho para Casa - Onze

por Longocaminhoparacasa

                 onze

 

Foi apenas um dos seus caminhos percorridos, até encontrar o caminho, o seu caminho de casa…
Um caminho destruído por descuido, por falta de comunicação, por falta de dedicação e até atenção… 
Por pensarem que têm tudo certo. 
Por se esquecerem que todos os dias, nos devemos alimentar, para crescermos... 
Por ignorarem que todos os dias, precisamos de luz…
A juventude dela e a beleza e experiência dele, conjugado com a diferença de idade, e de planos profissionais, abriu um canal entre ambos. Um canal que ambos não souberam ver e tapar… 
Um elo, que não conseguiram construir, ou reconstruir, porque até hoje, ainda desconhecem se algum dia o tiveram...
Sem forças, não conseguiram lutar contra as guerras que os envolviam.
Levantaram os braços, deixando cada um seguir o seu caminho…
Num belo dia de sol, ela, cansada, principalmente de tantas mentiras, vestira a ressaca de uma discussão presenciada pela lua cheia que raiou na noite anterior, pega nas malas e segue na direcção do seu retiro espiritual…
Estavam em finais de Julho, do ano de 1997, época de festas nas aldeias próximas do seu retiro… Como boa menina que sempre foi, resolveu chorar as mágoas a dançar num bailarico de uma povoação próxima…
Por ironia do destino, encontra uma cara que não lhe era desconhecida…. O dono dela era, aquele que viria a ser, a sua primeira lição de vida…
CLR

 

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publicado às 22:21

13
Mai19

Longo Caminho para Casa - Dez

por Longocaminhoparacasa

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Ele …
Ele era e é aquilo a que se pode considerar de um belo homem!
De cima do seu mais de 1,90m de altura, bem composto, sempre amável e educado nos melhores colégios de Lisboa.
Dividiu a infância entre o bairro de Alvalade, Santa Cruz e umas centenas de cidades Europeias e não só, por onde acompanhava o pai e a família na sua profissão.
Havia algo nele que lhe chamava a atenção, e não era só o seu belo físico ou a sua postura. 
Era o seu carácter, o desafio que ela supunha que ali existia, deixava-a completamente seduzida… Louca, cheia de vontade para lutar, correr mais aquele caminho, só para sentir aquele bichinho na barriga sinónimo de vitória… E depois sorrir. Sorrir e gozar as férias de justiça, de felicidade, de vitória…
Olhos de traição, pele caramelada digna de ter sido também muito beijada pelo sol, cabelo negro, sorriso transparente e sedutor. Vestia um olhar de esguelha, que costumava usar para constatar que ao passar, tinha deixado a sua marca, nas meninas mais bonitas… Ou pelo menos aquelas que mais lhe enchiam a vista, ou que mais lhe interessavam, por ter determinados atributos que o encantavam…
Mulheres seriam então, meros esqueletos com pernas, cú, mamas, e claro, a frente do cú. ! Sim porque bastava um cú para esquecer um rosto…
Desde cedo que ela pôde concluir o que realmente era importante para ele, e que fim poderia ter aquela novela.
Ele parecia querer vingar-se das mulheres. 
Reflectindo em todas as que pelos seus braços passavam, o ódio que sentia pela amante do seu pai…
A D. Manuela, mais conhecida pela secretária/ braço (corpo) direito, do senhor doutor… A acompanhante…. De todas as reuniões no estrangeiro e pelo pais fora…
Só mais tarde ela foi descobrindo estas pérolas acerca deste príncipe mascarado… 
Estes mimos que descobriu num simples homem, bonito e carente.
Reflectia a vingança em todo o sexo feminino que se rendia ao seu charme, deixando-se seduzir estupidamente, entregando-se ao doce e forte poder que os seus braços tinham nesta especie.
Da falta de amor paterno, da revolta familiar, e da dor por ter sido obrigado a fazer um luto de forma tão tragica e precoce do seu grande confidente, amigo, o seu irmão mais velho. 
Aquele que tanta vez ocupou o lugar que o pai deixara vazio enquanto mantinha a sua outra família.
Aquele que de repente acabara de partir para o reino dos sonhos sem qualquer aviso, sem qualquer previsão, sem qualquer imagem deixada como despedida para recordar ou amenizar aquela dor lascivamente efemera. 
Uma morte estúpida, ceifada por duas rodas numa qualquer e maldita Estrada que em pensamento só conseguimos definir como sangrentamente assassina…
Ela sentiu nele o desafio. Aquele desafio. Um incitamento, uma aguilhoada que via num misto de homem forte, carente e quebra corações.
Um anjo doce e com um vozeirão arrepiante. Num tom mélico e lancinante. Do tipo que faz parar qualquer esqueleto funcionalmente racional.
Nada saía dos seus labios que não fosse sentido de forma assertiva.
Seguro de si, extraia o poder disso para entender com firmeza a justiça da vida, com a empatia necessária à ilusão que fazia questão de sentir da vida que então vivia.
Transparente o suficiente para falar e saber ouvir. Sabe ouvir críticas sem partir para o ataque pessoal. Com a postura segura e comedida tipica do homem aparentemente prefeito.
Ela sentiu. Sentiu que estava a lidar com algo demasiado incontrolável. Mas ainda assim, resolveu brincar, fazendo dele o seu fogo… 
Como mulher quente que é, ela sempre gostou de brincar com o fogo… E que mais poderia ser aquele monumento se não lenha para se queimar?
Monumento feito de esqueleto muito bem delineado, modelo coincidente com o corpo trabalhado em demasiadas horas de ginásio, e com um coração enorme, embora fechado, embora ferido….
Ela via nele o seu perfume floral num corpo muito bem suado em vigiado exercício. Prestavel, sempre doce e em forma de indumentária.
Resumindo ele aos seus olhos eram impecável de cheiro, doce e em seu pensamento, delicioso, adivinhando-se a amargura do seu doce sabor…
CLR

 

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publicado às 22:17

13
Mai19

Longo Caminho para Casa - Nove

por Longocaminhoparacasa

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Ela era e é uma mulher muito bonita. Uma digna princesa, menina e mulher. Alta, para o normal das mulheres portuguesas, muito magra e também muito atraente.
Com um corpo encantador, sensual, fascinante e sedutor, de fazer parar o olhar de qualquer um… Mesmo o mais exigente. Até o seu!
Ao contrário das falsas louras oxigenadas, esta usava longos cabelos doirados. Loiro escorrido pelos ombros, ora liso, desfrisado, ora em forma de canudos, ora em longos e dourados caracóis, emoldurando-lhe um rosto de uma beleza com tanto de sensual como de angelical…
Vestia uns grandes e esbeltos olhos azuis, incisivos e límpidos mas desconsolados. 
A beleza daquela mulher, e a melancolia que via nos seus olhos, fizeram desde logo tremer algo dentro de si…
Cada vez que com ela se cruzava, não podia desviar os olhos dos dela. Parava a contempla-la com o deslumbramento dos seus cinco sentidos.
Uma deusa parecia sussurrar uma voz altiva dentro de si…
Nunca se tinha sentido assim tão desvanecido pelos olhos de alguém. 
Os dela tinham tanto de claridade e profundidade como de tristeza… 
Um azul do céu cristalino, com um anel azul-escuro a circundá-los, fazendo-me lembrar o mar, com tantas cores… Pequenas ilhas cor de mel e pequenos pontinhos pretos pairam naquele forte olhar…
Uma boca incrivelmente bem desenhada. Rosada e pintada com dois lindos traços de veludo naturais. Os lábios enfeitiçados que se adivinhavam já, doces e carnudos…
A sua pele é de um branco tépido, mas naquele momento apresentava um tom dourado, adivinhando o fim das férias recentes em praia de muito sol…
Por debaixo dos seus tops e das suas mini saias justas, presas à sua delgada e rija cinturinha, adivinhavam-se umas sedosas pernas longas, musculadas e muito bem feitas, assim como as outras linhas sensuais das curvas do seu jovem e gracioso corpo…
Os seios plantados no peito musculado, pareciam ainda recém nascidos mas viam-se já túrgidos de uma secreta veemência prontinha a estrepitar.
Nada nesta beleza fatal, fazia dissimular o seu carácter: o nariz altivo, a por vezes cega determinação, a teimosia, a arrogância, a desconfiança.
O medo de mostrar os medos, ou parecer fraca, fazia dela um autêntico touro em plena arena. Divertia-se dando cornadas e toireando todos os homens que lhe mostravam os dentes.
Via nela, uma autentica matadora e um touro terno de lide… Uma Maria rapaz, e uma linda, sexy e sensual mulher… Uma beleza natural, sem retoques, e uma autenticidade que irradiavam numa autoconfiança impressionante, como de facto ele nunca tinha visto.
Uma deusa, a sua deusa, princesa, menina, mulher.
Ela a mulher da sua vida, ele, também seria, até há pouco tempo, o homem da sua vida!
Embora perdidamente apaixonados um pelo outro, a guerra continua de 6 anos de namoro, não permitiu que ficassem juntos levando-os a tomar uma decisão que modificaria irremediavelmente a vida de ambos…
E este foi apenas um dos seus caminhos percorridos, até encontrar o caminho, o seu caminho de casa...

CLR

 

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publicado às 13:08


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